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Ensaio sobre a verdade

  • Foto do escritor: ocatecumeno
    ocatecumeno
  • 7 de mai. de 2023
  • 4 min de leitura

O pilar central de toda argumentação deve ser a verdade, ao menos é isto que a nossa razão espera. Naturalmente somos movidos pela busca daquilo que é verdadeiro, ainda que nos enganemos. O que perseguimos é a verdade. Em todo momento de nossas vidas, no dia a dia, em cada passo, em cada raciocínio voluntário ou involuntário nós tomamos ações mediante ao que nosso intelecto conclui por verdade. Exemplificando: ao caminhar em direção a um muro, de maneira alguma iremos tentar atravessar este muro sem que seja através de um portão ou saltando por cima dele, isto porque entendemos que é verdadeiro que se continuarmos andando contra o muro daremos com a cara nele. Mas uma pessoa com suas funções intelectivas comprometidas pode facilmente tomar por verdadeiro que possui mais força que o muro e o pode atravessar adicionando velocidade e força. O resultado seria um barulho estrondoso no corpo se chocando com o muro, sendo que o muro permaneceria intacto. Em uma outra situação, se o muro fosse de dry wall e já apodrecido, passaríamos por ele tranquilamente sem portões. Quando afirmo, por exemplo, o meu tênis é branco. Minha inteligência, através de minha visão, pretende se comunicar com a realidade e aferir aquilo que percebe por verdadeiro. Procuramos o tempo todo descrever a realidade por meio de nossa inteligência.

Portanto, para tudo o ser humano se utiliza do intelecto para definir o que é verdadeiro e assim agir de acordo com sua conclusão. Todavia, aqueles que rejeitam a verdade como absoluta agem exatamente como alguém que quer transpor um muro de arrimo com a força do próprio corpo. Ora, é impossível construir um raciocínio sem ter por objeto a verdade. Pois é exatamente essa a natureza do pensar. Ainda que o indivíduo seja ateu, negar isto seria negar a ciência e até sua própria humanidade, uma vez que é essa capacidade intelectiva que nos diferencia substancialmente de qualquer outro animal e nos faz humanos.

Demonstrando pela lógica o equívoco de afirmações contrárias:


1- “A verdade não existe” ou “A verdade não é existente.”

Verdade = sujeito

Existe = predicado

Não = indica proposição negativa


Assim como no exemplo do tênis, ao proferir a frase acima, nosso intelecto procura descrever a realidade. Ou seja, procura afirmar o que é verdadeiro para agir, está pressupondo que a verdade existe. Uma contradição performática.


2- “A verdade é relativa”

Verdade = sujeito

Relativa = predicado

É = proposição afirmativa


A proposição em orações gramaticais, é o ente que vem de nossa mente, nossa inteligência. Expressamos após isto a sentença que é o ente verbal (a frase). Ou seja, raciocinamos interiormente e depois expomos verbalmente ou com ações uma conclusão. Uma proposição tem várias interpretações diferentes, não demonstra que ela seja relativa, mas sim que temos pouca informação para deduzir claramente o verdadeiro na realidade.

Exemplo: “São dez horas da noite.” Isso pode ser verdade no Brasil, onde são dez da noite, mas é falso no Japão onde são dez da manhã. Pois a verdade é relativa a perspectiva do ente a analisa. Certo? Errado. Interpretando desta maneira estamos confundindo proposição com sentença. Significa que a linguagem, comunicação ou interpretação não é perfeita. Afinal possui ambiguidades que nos levam a várias possibilidades. Todavia, ao transmitir verbalmente que “são dez horas da noite” o indivíduo pretende transmitir que este horário é de Portugal, apenas não comunicou suficientemente a verdade que verificou com sua inteligência.


Além disso, a frase “a verdade é relativa” precisa ser necessariamente verdade e mentira ao mesmo tempo. É como dizer que um papel é preto ou branco ao mesmo tempo. Logo, a conclusão da frase é uma contradição: “a verdade é relativa” e “a verdade não é relativa” são proposições excludentes, ambas não podem coexistir. Uma redução ao absurdo.


Redução ao absurdo: uma prova destrutiva que consiste em descartar uma hipótese ao derivar dela uma contradição.


Lembrando que ao dizer tal frase o indivíduo nega todas as leis da física ou da natureza.


3- “A verdade é subjetiva”

Verdade = sujeito

Subjetiva = predicado

É = afirmação


Também uma contradição de redução ao absurdo. Dessa vez, subjetivo seria um aspecto interior do ser (por exemplo um sentimento). A frase nega o contrário dela, que seria “a verdade é objetiva”. Entretanto, ao aferir que a verdade é subjetiva o ente está assumindo que existe uma realidade externa ao seu próprio ser, ou seja, uma realidade objetiva. Ainda que exista somente a percepção interna do ser, ao dizer que uma garrafa azul não é azul a sua proposição será falsa.


Como bônus, vamos verificar mais duas frases muito comuns sobre o tema:


1- “Somente é verdadeiro aquilo que é provado pelo método científico”

Uma contradição, pela própria afirmação ela não pode ser verdadeira, pois não pode ser provada através de método científico: critério de falseabilidade, verificabilidade etc.



2- “Somente é verdadeiro o que pode ser conhecido empiricamente”

Uma contradição, pois a própria afirmação não pode ser conhecida empiricamente.


Concluo que a única possibilidade lógica é A VERDADE É ABSOLUTA, nesta frase não há contradições e nosso intelecto raciocina sobre o verdadeiro naturalmente, pois somente assim adquirimos conhecimento. Na busca pela verdade. Algo que tem se perdido na modernidade, mas de maneira artificial e hipócrita. Pois todos buscam o que é verdadeiro, ainda que negue o absoluto. No evangelho de São João 14.6, Nosso Senhor Jesus Cristo declarou: “Eu sou a verdade, o caminho e a vida...” Ele é a verdade absoluta, nosso Deus, um com o Pai e o Espírito Santo. Se fez carne e habitou entre nós para nos revelar coisas grandiosas como a verdade. A qual sempre esteve e está no intelecto e na busca do homem, a verdade. Eis que essa verdade é o próprio Cristo, aquele que o busca sacia a sede de seu intelecto.


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