top of page

Assunção de Maria

  • Foto do escritor: ocatecumeno
    ocatecumeno
  • 10 de mar. de 2022
  • 6 min de leitura

Tratamos de todos os dogmas marianos neste blog, exceto um: a Assunção de Maria. O Papa Pio XII declarou e definiu em 1° de Novembro de 1950 na bula papal Munificentissimus Deus o dogma da Assunção da Virgem Maria. A verdade de fé de que Nossa Senhora subiu ao céu em plenitude de corpo e alma. Por não haver em si qualquer mancha de pecado, como explicado nos dogmas marianos anteriormente aqui tratados. Devido aos méritos de Cristo Jesus e a imensurável graça derramada sobre Maria para que se cumprisse o plano salvífico de Deus. Apesar de sua confirmação dogmática pela Igreja ser aparentemente tardia, a festa da Assunção de Maria é celebrada tradicionalmente pelo cristão católico no dia 15 de Agosto, desde o século VI. A qual temos registro.

Assunção significa ser elevado por algo ou alguém, entendemos que Maria teve sua glorificação corporal antecipada em razão dos méritos de seu Filho Jesus Cristo. Essa glorificação corporal ocorrerá em todos os salvos na graça de Nosso Senhor, doutrina bem consolidada pelo apóstolo São Paulo em suas cartas 1 Coríntios 15.42-58; Romanos 8.17-18; Colossenses 3.5; Cristo teve seu corpo glorificado Lucas 24.39. Essa é a diferença característica entre a Ascensão de Cristo e a Assunção de Maria: a Ascensão demonstra que é o próprio sujeito (Cristo) que possui os méritos para subir aos céus, enquanto a Assunção demonstra que Maria foi elevada ao céu pelo mérito de outro alguém … o próprio Jesus. Portanto, Maria não subiu por si mesmo, mas foi levada ao céu. Os demais homens de bem só receberão tal graça após o juízo final.

A Assunção de Maria é uma consequência necessária dos demais dogmas marianos: Imaculada Conceição, Maternidade Divina, Virgindade Perpétua. Assim entende o católico e os pais da Igreja nos primeiros séculos testificam, a exemplo de São João Damasceno que apresentou esse entendimento com maior clareza no século VI: “Mas como a morte poderia engolir uma alma verdadeiramente abençoada, que humildemente deu ouvidos à palavra de Deus? Como a corrupção poderia ousar tocar o corpo que contivesse a vida? Tais pensamentos são abomináveis e totalmente repugnantes em relação ao corpo e à alma da Mãe de Deus.” Semelhantemente diz Santo Agostinho de Hipona “nem se deve tocar na palavra pecado, em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, o qual a preservou de todo pecado por sua graça”. Em concordância com os demais pais da Igreja e a tradição cristã onde Maria é vista como Arca da Nova Aliança, Nova Eva, a representação da Igreja e A Mulher de Apocalipse 12. Cristo chama sua Mãe de Mulher não para desmerecer, mas para testificar o lugar de honra que aprouve à Santíssima Trindade colocar Maria em seu plano salvífico. Irineu de Lião, Orígenes, Agostinho de Hipona, entre outros, possuem extensos escritos em defesa do papel de Maria neste plano. "Maria Santíssima nos mostra o destino final dos que escutam a Palavra de Deus e a cumprem (Lucas 11.28). Nos estimula a elevar nosso olhar às alturas onde se encontra Cristo, sentado à direita do Pai, e onde também está a humilde escrava de Nazaré, já na glória celestial" (Papa São João Paulo II, homilia 15 de Agosto de 1997). Se Maria morreu ou não morreu, não constitui um artigo de fé. Apesar da tradição afirmar costumeiramente que ela experimentou a morte. Todavia, a morte de Maria representa a mais completa entrega e renúncia de si mesmo nos braços de Deus Pai, tirando a ideia da morte simplesmente como pena pelo pecado (já que Maria foi preservada de qualquer mancha de pecado nos méritos de Cristo). Nos primeiros séculos, digo de II a IV d.C, não temos nenhuma evidência de que tal ensinamento era seriamente combatido ou disputado. Nem houve qualquer igreja que alegasse possuir relíquias da Virgem. Isso é bastante significativo pois era grande a “corrida” das igrejas e cidades competindo entre si pela posse das relíquias de grandes nomes do cristianismo e mártires. Se os ossos de Maria tivessem permanecidos na terra, certamente seria um tesouro inestimável. Sua busca e seus achados seriam registrados na história. Entretanto, o único relicário de Maria a qual temos registros é o seu túmulo vazio (e duas cidades afirmam ter esse troféu!). Foi tradição nos reinos judeus a figura da rainha mãe, tal como era Betsabá para Salomão por exemplo. Sendo Cristo o verdadeiro e único Rei, Ele também reina nos céus com Sua Rainha-Mãe à Sua mão direita pois convém que a Mãe assuma seu lugar e sua morada na Cidade Real de seu Filho.


Deus não necessita absolutamente de nada nem ninguém, sob nenhum aspecto ou desígnio, todavia lhe aprouve conforme a Sua vontade fazer da redenção, tanto no plano terrestre quanto no plano celeste, em cada uma de suas etapas, uma obra de Salvação que seja um trabalho simultaneamente humano e divino. Somos dotados de livre arbítrio para que possamos escolher livremente a salvação ou a perdição (Eclesiástico 15.11-22), contribuímos diretamente para uma delas, para nosso destino. Ele sempre nos convida e nos direciona pela tua graça para a escolha da redenção em Cristo, todavia não toma tal decisão por nós. Cristo, Deus Filho, se fez homem para salvar os homens. A Santíssima Trindade associou uma criatura, a Mulher, à sua missão salvífica. Se manifestando na vida dessa mulher antes mesmo de sua concepção, predestinada desde o princípio e profetizada no plano redentor pelo próprio Deus desde o jardim do Éden (Gênesis 3.15). Deus escolheu agir em Maria na plenitude de sua graça, Ele não poupou suas maravilhas sobre esta Mulher que sempre o respondeu com um sim amando perfeitamente Aquele que primeiro a amou. Aquela a qual normalmente seria vista como fraca, sem grande importância, se torna a maior de todas as criaturas na graça de Deus Pai. Mãe de Nosso Senhor (Lucas 1.43), tudo isso é loucura para os homens. Mas para nós é motivo de alegria, Cristo é a razão de nossa alegria, em Maria contemplamos a imensidão do amor e da graça, especialmente sobre ela, mas também sobre todos nós que somos resultado do plano salvífico de Deus. Ao contemplarmos tudo isso, entendemos o porquê da importância da devoção à Virgem, que sempre nos direciona para seu Filho e é digna de ser honrada ainda mais do que qualquer outra criatura. Como Santo Agostinho diz “nem se deve tocar na palavra pecado, em se tratando de Maria”. A Assunção da Virgem Maria enche de esperança todo aquele que crê na ressurreição e glorificação da carne, nos méritos de Nosso Senhor. É esperança daquilo que Cristo também um dia fará em nós, co-herdeiros do Filho de Deus, participantes de sua glória. Maria recebeu no início da Igreja, tudo aquilo que nós receberemos somente no final quando tudo for consumado. Ela nos é sinal de que a graça não transforma somente o espírito, mas todo o ser humano. É a expressão da promessa da ressurreição e glorificação que ainda há de se cumprir em nós. Ela é modelo de tudo o que Deus fará em nós. Que essa esperança nos fortaleça para amarmos a Deus assim como ela amou, para nos entregarmos a Ele como ela se entregou, para dizer sim a Ele em tudo e em todo tempo como ela o fez. Ela é a figura materna que está nos céus desempenhando seu papel de mãe sobre toda humanidade, em perfeita comunhão com a Trindade, intercedendo por nós e nos amando intimamente. A escolhida de Deus para participar magnificamente de seu plano salvífico. Toda participação de Maria na obra redentora de Deus tem como propósito a salvação das almas, da Igreja e, o fim último, a glória da Santíssima Trindade.


Sim, uma mulher é a maior de todas as criaturas e a criatura mais importante da história por toda a eternidade. Aproveito isso para prestar homenagem a todas as mulheres nesta semana em que se passou o Dia Internacional da Mulher. Deus é aquele que dá a todos nós, nossa verdadeira importância e faz de nós verdadeiramente livres e felizes na pessoa de seu Filho Jesus.


Salve Maria, Santíssima Virgem rogai a Cristo por nós, para nossa salvação. Adorado seja Nosso Senhor Jesus que é um com Deus Pai e o Espírito Santo! Amém!


“Que homenagem não teria Jesus conferido a ela, Ele que nos mandou honrar nossos pais”. São João Damasceno


Comments


bottom of page