Natividade de Jesus - Alegria do Mundo
- ocatecumeno
- 23 de dez. de 2021
- 7 min de leitura
Atualizado: 14 de jan. de 2022
No dia 25 de Dezembro, tradicionalmente, reunimos a família para um almoço ou até mesmo no dia anterior, na véspera de Natal se organiza uma grande ceia e nos deliciamos com uma diversidade de pratos característicos dessa festividade. É sempre bom encontrarmos os familiares por vezes vistos apenas em ocasiões especiais como essa, confraternizar e passar um tempo juntos. Compartilhar presentes ou simplesmente a companhia do outro. Lindas decorações, luzes, papai noel, árvore cheia de enfeites, mesa farta. Um clima propício para cultivar união, paz e alegria com a família e amigos. As propagandas na TV procuram expressar os bons sentimentos que cercam essa data, uma “época mágica”, como algumas marcas sugerem. Em meio a tanta beleza e euforia acaba por se perder o real motivo desta reunião, o porquê de tanta celebração e importância dada a este dia. Celebramos o mais importante acontecimento deste mundo, o nascimento de Jesus Cristo, a encarnação do Verbo de Deus feito Homem.
A história do Natal possui um herói inusitado, bem diferente das histórias de heróis cheios de poderes ou grandes habilidades, não se trata apenas de um indivíduo, mas sim de uma família que coopera com o herói. Este herói é Jesus, que nasce totalmente frágil e dependente como todos nós. E em uma família pouco promissora aos olhos daqueles que aguardavam o Messias que viria reinar e trazer paz em Israel, como ansiavam os judeus. O fato de serem pobres já os descaracteriza e muito do que as pessoas esperavam a cerca do prometido de Deus, muito se cria que apenas o rico tinha condição de ser fiel aos preceitos e observar a lei. Como o Papa João Paulo II observou, tudo o que é bom (a história, a humanidade, a salvação) Deus escolheu transmitir “por meio da família”. Na soberania de Deus, o enredo histórico do Natal foi determinado pelas ações de um homem que era marido e pai; e de uma mulher que era esposa e mãe. Desde a antiguidade, se entende que uma das principais fontes dos Evangelhos a respeito da natividade de Cristo, foi Maria. Em Lucas 2.51 “sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” o evangelista que era um historiador meticuloso e detalhista, cita a Virgem de maneira a demonstrar ser ela sua fonte primária. Afinal, Maria é a única testemunha possível da concepção e nascimento de Jesus, além de outras passagens vivenciadas apenas por ela, por José (já falecido quando Lucas inicia seu evangelho) e Cristo ainda bebê. Essas memórias a qual Maria meditou foram compartilhadas com a Igreja e mantidas nesta família como uma herança. Devemos lembrar que todos os personagens das Escrituras, em especial os aqui tratados, são reais. Viveram e relataram os acontecimentos, vistos ou compartilhados. Cristo nasceu em Belém e ainda hoje sabemos exatamente o local, graças aqueles que guardaram sua localização desde aquela época. Orígenes, no século II, escreve: “Em Belém está a caverna onde Ele nasceu, e a manjedoura onde Ele foi posto após ser envolvido em faixas. A caverna é muito conhecida entre os moradores da região, mesmo entre os inimigos da fé” livro de sua autoria Contra Celso. São Justino Mártir, nasceu por volta do ano 100 d.C em Flávia Neápolis (atual Nablus) a cerca de sessenta e cinco quilômetros ao norte de Belém, também fala que era muito conhecido na região as histórias do nascimento de Cristo e os lugares sagrados. A concepção, o nascimento e a infância de Jesus são rodeadas de aspectos verificáveis. O Natal não é uma mera fábula, um mito ou conto folclórico. É uma história de fato verídica, ocorrida “nos tempos de Herodes, rei da Judéia, quando apareceu um decreto de César Augusto” Lucas 1.5; 2.1. O nascimento do Menino Jesus é cercado de acontecimentos e fatos, descritos nos evangelhos e demonstráveis por outras fontes históricas da época. O Papa Bento XVI fala sobre: “Mateus e Lucas - cada um à sua maneira - queriam não narrar, mas escrever história: uma história real, acontecida, embora certamente interpretada e compreendida com base na Palavra de Deus”. Podemos viajar ainda hoje por nós mesmos e conhecer lugares sagrados como estes onde Cristo esteve.
O Novo Testamento se inicia não com teologia ou leis, mas com a árvore genealógica de Jesus (Mateus 1). O autor demonstra claramente sua pretensão de não apenas situar o Messias na história da humanidade, mas identificá-lo como filho de Davi, filho de Abraão e Filho de Deus que veio ao mundo para nos salvar. Cada nome dado por Mateus na árvore genealógica de Jesus, sugere um episódio dramático vivido pelos judeus. Eles conheciam bem e davam muito valor à ancestralidade. A separação entre Abraão e Davi é de quatorze gerações, assim como de Davi para Jesus. Até o número quatorze representa um marco da tradição davídica, na língua hebraica o quatorze representa as letras que formam o nome de Davi. Sabiam da promessa de Deus, ou melhor, do juramento solene feito em apenas duas ocasiões à Abraão (Gênesis 22.1-2) e à Davi (2 Crônicas 3.1). O povo aguardava ansiosamente pelo Messias nesses dias, alguns sacerdotes até fizeram cálculos e sustentavam que era chegada a hora. Muitos homens surgiam como potenciais ocupantes do “cargo”, Flávio Josefo historiador judeu nascido em 37 d.C relata mais de dez deles. Ou em Atos 5.36-37. O próprio rei da Judéia, Herodes, se auto considerou proeminente Messias e procurava se assemelhar ao máximo com as descrições das profecias nas Escrituras. Uma dessas profecias está em Isaías 7.13-14 “ouvi, casa de Davi: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco”.
Não é possível falar do nascimento de Cristo, sem falar de sua mãe, Maria. Hoje o lugar mais importante de Nazaré é a Basílica da Anunciação, construída sobre a humilde caverna que foi lar desta mulher. Na época, um vilarejo desprezado pelos judeus (João 1.46). Mas ali apareceu o anjo Gabriel à Virgem anunciando que conceberia um filho pelo poder do Espírito Santo, daria à luz ao Filho de Deus. A concepção virginal faz com que o único pai possível da criança seja Deus, eis a importância deste milagre. Em Maria, uma mulher simples, mas serva e inteiramente de Deus encarna o Nosso Salvador.
Outro personagem essencial é José de Nazaré, o homem silencioso. Não temos nenhuma frase dita por ele nas Escrituras, porém ações de um grande pai e homem justo. Apesar de não ser pai biológico de Jesus, ele é pai legítimo pela lei judaica e para os evangelistas Mateus 1.25 (trecho onde José exerce o direito paterno de dar nome ao filho). José foi guardião da Sagrada Família, protegendo e sustentando Maria e Jesus, orientado por anjos de Deus em seus sonhos. Em um discurso do Papa Bento XVI ele diz que “a única recompensa de José foi a de estar com Cristo”. Essa é sem dúvida a única recompensa que qualquer cristão deve desejar.
Os evangelistas relatam uma quantidade extraordinária de atividades angélicas. Anunciação a Zacarias (Lucas 1.11), Anunciação a Maria (Lucas 1.28), revelação em sonhos para José (Mateus 1.20-21; 2 13-22), aos pastores de Belém (Lucas 2.8-14), envolvidos na escolha do nome do bebê (Lucas 2.21), aos magos em forma de estrela (Mateus 2.1-2). Jesus muda completamente a história e realidade da humanidade, não só em aspectos como a divisão do calendário em a.C e d.C. Mas em toda a vida humana que hoje pode se achegar ao Criador por meio de seu Filho. “A humanidade não retrocede simplesmente a um paraíso terreno nos moldes do Éden; em vez disso, ela é convertida e alçada para o alto rumo à Igreja, isto é, assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus (Hebreus 12.23)” Scott Hahn. O Natal marca a certeza de que a salvação chegou ao mundo.
Em uma simples caverna utilizada como estábulo, nascia o próprio Deus Filho, que se fez pobre para que fossemos ricos e co-herdeiros, filhos adotivos do Pai na pessoa do Filho (2 Coríntios 8.9). Em uma manjedoura escavada em uma parede de pedra da caverna, antes utilizada por animais, lá estava o Senhor do universo. Se sujeitando aos cuidados de uma mãe, de um pai. O Criador confiando por completo em sua criação. Veio por amor e muito foi amado na Sagrada Família. Que no Natal e por toda a vida, nós também muito amemos nossa família e a Igreja, família de Nosso Senhor. Quando celebramos o Natal, nos alegramos juntamente com aqueles que presenciaram tal evento factual. Partilhamos da felicidade que eles vivenciaram, uma alegria universal.
Deus é puro ato de amor. Devido a revelação do Natal, conhecemos este imenso amor que se faz o menor de todos, serve à todos e se entrega à morte para salvação de todo aquele que crer (João 3.23). “A alegria da Trindade torna-se presente no tempo e no espaço e encontra a sua epifania mais alta em Jesus, na sua Encarnação e na sua história” São João Paulo II. A Trindade se apresenta com clareza na concepção de Jesus Cristo “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1.35). O Deus trino, Pai, Filho e Espírito Santo coeternos representados na terra pela Sagrada Família (analogia). Demonstra todo seu amor se tornando homem como nós, para nos salvar. A salvação consiste em nos tornar filhos e dividir sua natureza divina conosco (2 Pedro 1.4). Nenhuma mente humana seria capaz de projetar um Deus uno e trino. Mirabolar todas as nuances racionais que se encaixam perfeitamente na história, no tempo, na fé. Um Deus que nos ama e que é amor. Nenhuma mente poderia criar o Natal. Belém, a casa do pão, onde nasce o Pão da Vida que ainda hoje se faz presente na Eucaristia. A alegria em Cristo é perene.
A fé cristã exige crença no amor eterno que tem seu ápice no Natal, quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (João 1.14). O Natal é a certeza de que tudo quanto foi prometido por Deus se cumpriu e que tudo quanto foi prometido para o por vir se cumprirá. Não há verdadeira alegria fora daquele que o Pai enviou, não há alegria sem Jesus.
Cristo Jesus, Alegria do mundo. Para sempre seja louvado! Celebremos sua vinda, regozijemos por seu nascimento.
Feliz Natal!!!
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, a alegria renasce sem cessar” Papa Francisco
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