Carnaval e Castidade
- ocatecumeno
- 27 de fev. de 2024
- 6 min de leitura
Tenho o hábito de ouvir rádios de notícias enquanto dirijo para me manter informado das coisas que estão acontecendo no mundo. Recentemente, escutando um bate papo sobre o carnaval, um conselho que foi dado me chamou muito a atenção. Não é algo de hoje, isso vem sendo dito a muito tempo, aconselhado principalmente pela mídia e pelos governo em seus órgãos de saúde. Tentando ser o mais fiel possível ao conselho dado, transcrevo aqui o que me recordo da fala do jornalista: “no período do carnaval devemos ter cuidado com nosso corpo, é uma festividade que causa a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Sejamos conscientes, aproveitem o carnaval mas não se esqueçam do uso de preservativos. Não deixe de utilizar a camisinha, se proteja”. Eis o conselho que nos é transmitido todos os dias nessa época e não somente nela, posso dizer que o ano inteiro, creio eu sem exagero.
Bom, você pode estar se perguntando, mas qual é o problema deste conselho? Está mais do que certo, temos que nos proteger. Pois digo que a raiz do problema não está no uso ou não da camisinha, mas sim no ato sexual fora do matrimônio. Algo que deve soar muito extremo e chocante para muitos, loucura e caretice para outros. Um fundamentalismo religioso que é um atraso para a sociedade. Vejamos.Irei defender a tese “sexo bom, para os indivíduos e para sociedade ocorre exclusivamente no matrimônio/casamento” em três campos do conhecimento: sociologia/história, biologia evolutiva e teologia.
Sociologia/História - uma das características mais marcantes de grandes civilizações que entram em declínio, é a sua derrocada moral. Evidente que não é a única causa, mas em toda história o que não falta são exemplos deste fator. Isso não significa que a sociedade antes disso não tinha práticas imorais, mas que o fim de sua existência foi o ápice de sua imoralidade. Veja a civilização grega, a romana e a idade média por exemplo. Especificamente na moralidade sexual, luxúria, uma sociedade lasciva tende a gerar males em todo o tecido social. As práticas sexuais desordenadas no tempo da Grécia Antiga na cidade de Atenas, por exemplo, se davam na casta mais alta da sociedade. Não era de hábito popular. O que foi se tornando mais frequente no meio do povo no fim dessa civilização. Repare que grandes filósofos como Aristóteles já condenavam a luxúria com o simples uso da razão. A traição ao cônjuge, abuso de menores, pessoas não adultas/maduras que iniciam a sexualidade, erotização de menores, entre outros são causas diretas de problemas como: lares desestruturados; pessoas viciadas no prazer; brigas e desavenças familiares graves; objetificação de pessoas; abandono de crianças; gravidez de menores ou incapazes; mãe ou pai solo isso quando um parente não se torna mãe/pai de criação devido negligência dos pais. Uma sociedade lasciva é auto destrutiva.
Biologia Evolutiva - ora, para seleção natural, o ser mais adaptado é o que possui a maior capacidade de reproduzir os seus genes e manter a espécie sobrevivendo por adaptação no meio. A utilização de métodos contraceptivos trabalha contra a seleção natural, ou talvez podemos dizer que trabalha a favor já que teoricamente ao longo dos anos teríamos cada vez menos humanos que se utilizam disso e assim teriam uma prole que tende a zero, enquanto pessoas que não fazem o uso passariam seus genes. Uma coisa é certa, os religiosos são aqueles que em média mais geram filhos, logo, o mundo pela seleção natural tende a ser religioso e ouso até dizer que dentro dos parâmetros dessa teoria os religiosos são mais evoluídos. Afinal são estes que deixarão mais descendentes. Isto não envolve somente o ter mais filhos, mas também a capacidade de os criar. Considerando que a mente de uma pessoa religiosa tende a ter esperança de que recebe alguma ajuda metafísica para cuidar dos seus e se dedica para tal, se empenha em seguir uma vida familiar estruturada dentro de suas crenças e moral. Seja verdadeiro ou falso, mesmo um deus que só exista na mente deste religioso faz dele mais apto a gerar e consolidar filhos na sociedade. Algo trágico de se dizer mas, o próprio curso natural do universo descarta indivíduos carnavalescos/lascivos seja na proliferação de doenças ou com métodos contraceptivos. Podemos observar isso com clareza onde grande parte da população de um país adere aos métodos contraceptivos, as maiores médias de filhos são sempre de religiosos. Por exemplo, na França, o maior percentual de nascituros se dá em famílias muçulmanas seguidas por famílias tradicionais católicas. Nesse aspecto, acho que a espécie humana é a única que decide deliberadamente se extinguir mesmo o indivíduo não possuindo tal intenção.
Teologia - Deus criou homem e mulher para se unirem em uma só carne, um único homem para uma única mulher e uma única mulher para um único homem. (2 Gênesis 2.18-24). Pela perversidade em nosso coração desejamos ter vários parceiros/parceiras, aproveitar bastante a vida sexual para só depois quando estiver mais velho pensar em um casamento. Transferindo até para o casamento a vida pregressa com traições ou vida conjugal liberal. Queremos adiantar o processo e já nos relacionar intimamente antes do casamento, com a desculpa de conhecer o outro e saber se é isso mesmo o que queremos. Ou só pelo prazer sem nenhum fim amoroso. Tudo isso é puro egoísmo. Não enxergamos no outro um ser humano, uma alma digna de ser amada por ser criatura de Deus. Enxergamos um ser que satisfaz nossas vontades, que nos dá prazer, do contrário estamos de prontidão para o descartar de nossas vidas e arrumar outra pessoa que cumpra nossos requisitos sem o menor peso na consciência. Queremos apenas saciar nossa concupiscência. Mas isso é apenas infelicidade.
No sexto mandamento nos é ordenado não pecar contra a castidade (não adulterar), ou seja, não cometer pecados sexuais (Êxodo 20.14). No Evangelho segundo São Mateus, Cristo vai além e nos diz que só de olhar para alguém que não seja seu cônjuge com desejo sexual já se comete pecado contra a castidade (São Mateus 5.27-28). Mas o que é castidade?
No catecismo, a Santa Igreja Católica nos ensina: “Castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A sexualidade, na qual se exprime a pertença do homem ao mundo material e biológico, torna-se pessoal e verdadeiramente humana quando é integrada na relação de pessoa a pessoa, na doação mútua, total e temporalmente ilimitada do homem e da mulher.” A virtude da castidade ordena a potência do amor do ser humano, conferindo a este equilíbrio e temperança, respeito ao próximo e doação a comunidade. Uma vez que as vontades já não se direcionam a satisfação do ego, mas a realização no próximo. Além disso, como visto no livro de Gênesis, ao criar a relação sexual Deus coloca por finalidade do sexo a procriação e a união do casal. Ficando transparente assim para o cristão que desviar o sexo de tais finalidades o torna desordenado e toda desordem reflete negativamente no indivíduo e na sociedade. Por isso, o cristão católico também entende que o uso de qualquer método contraceptivo, pornografia e masturbação são pecados graves contra o sexto mandamento. Em outro artigo iremos expor o tema com maior riqueza.
A castidade produz em nós a consciência e a prática do verdadeiro amor ao próximo e consequentemente a Deus. Uma sociedade que viva a castidade cristã, certamente será muito mais saudável e pujante que sociedades promíscuas já que naquela não haverão os problemas decorrentes da luxúria (ao menos não em larga escala como em uma sociedade carnavalesca como a brasileira). Se somos castos para primeiramente amar a Deus e posteriormente o próximo, vivemos em harmonia conosco e produzimos em nós e na sociedade bens que todos desejamos, mas que por nosso egoísmo de buscar o prazer acima de tudo estragamos todo o bem para nós e para sociedade. Portanto, somente a relação sexual no matrimônio produz verdadeiro bem para a sociedade.
Que neste carnaval, não caímos em desgraça, mas abracemos a graça daquele que nos amou primeiro e nos chamou para uma vida de verdadeira felicidade nEle com respeito, dignidade e amor ao próximo e ao nosso corpo que é morada do Espírito Santo. Amém.
São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!
Amém!!